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medidas para evitar tragédias causadas por chuvas extremas

Este conteúdo faz parte do projeto Rio 60°C e foi produzido pela

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Com o aumento da temperatura global, a tendência é que eventos extremos de chuva se tornem cada vez mais intensos e frequentes.

No município do Rio de Janeiro, onde boa parte da população vive em áreas suscetíveis a enchentes ou deslizamentos, meteorologistas indicam que isso já é uma realidade.

Listamos dez medidas para reduzir os riscos de desastres decorrentes de chuvas na cidade.

Sirenes de alerta e rotas de fuga

Devem ser instaladas e sinalizadas principalmente em áreas de risco para deslizamento de terra

As sirenes emitem dois tipos de alertas: o de possibilidade de chuvas fortes e o de risco de deslizamentos.

A partir deste alerta, é fundamental que os moradores acatem as orientações e sigam a sinalização das rotas de fuga em direção aos pontos de apoio.

Ainda não há sirenes na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região com o maior crescimento populacional do município na última década e onde muitos vivem em encostas.

Pontos de apoio para chuvas fortes

Podem ser escolas, associações de moradores, igrejas ou quadras cobertas e precisam estar bem sinalizados

Os pontos de apoio são o destino final das rotas de fuga e servem de abrigo enquanto as chuvas não param e o risco de desastre ainda persiste.

Esses locais também são centros de coordenação e distribuição de recursos durante uma emergência e podem fornecer informações, assistência médica simples, alimentos e água.

Estações meteorológicas e pluviômetros

Quanto melhor as estações são distribuídas pela cidade, mais precisos são os sistemas de alerta precoce

As estações meteorológicas são um conjunto de instrumentos para medir as condições atmosféricas: temperatura, umidade, pressão, radiação solar, direção e velocidade do vento, além de precipitação.

Os pluviômetros medem apenas a quantidade de precipitação (chuva e granizo) em um determinado período de tempo. São essenciais para prever o volume e a dinâmica das chuvas com mais precisão.

Treinamentos, simulações e campanhas de conscientização

As comunidades precisam estar envolvidas em todas as etapas de preparação, resposta e recuperação para desastres

Os moradores das áreas de risco precisam passar por treinamentos de primeiros socorros e simulações de desocupação para entenderem como agir em caso  de chuvas fortes.

A comunicação com e entre as comunidades em risco precisa promover uma "cultura de prevenção de desastres, resiliência e cidadania responsável, gerar compreensão dos riscos de desastres, apoiar a aprendizagem mútua, compartilhar experiências", segundo o quadro de Sendai para redução de riscos de desastres.

Arborização e drenagem das águas

Conceitos como infraestrutura verde, soluções baseadas na natureza e cidades-esponja sugerem novas formas de lidar com as chuvas

Os municípios precisam ser cada vez mais estruturados para receber grandes quantidades de água em pouco tempo. Uma solução é o conceito de cidade-esponja: a capacidade de deter, limpar e possibilitar a infiltração das águas com métodos baseados na natureza.

Além dos parques e das margens arborizadas de rios, outras medidas são os telhados verdes, calçadas e ruas permeáveis, parques alagáveis e jardins de chuva. Isso também ameniza o impacto das bolhas e ondas de calor.

Limpeza dos rios

Quando as chuvas caem, as águas precisam escoar pelos rios com facilidade

A dragagem retira sedimentos  do fundo do rio para comportar mais água e deve ser realizada periodicamente. As ecobarreiras na superfície ajudam a reter os resíduos flutuantes e os coletores de tempo seco, instalados no fundo, filtram lixo e sedimentos que correm junto ao leito do rio.

Bueiros, bocas de lobo e outras infraestruturas de drenagem e escoamento da água também precisam ser desobstruídas. Além disso, para reduzir inundações e evitar doenças transmitidas pelo contato com  a água contaminada, como a leptospirose, é essencial uma rede universal de saneamento  e gestão do lixo sólido.

Salas de situação

As salas de situação monitoram as condições meteorológicas e organizam a resposta dos órgãos de governo às chuvas

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), por exemplo, monitora os municípios brasileiros com maior risco de desastres naturais 24 horas, todos os dias.

Especialistas analisam informações meteorológicas, condições hidrológicas e geodinâmicas e, caso necessário, emitem alertas de risco para a Defesa Civil de cada município.

No Rio, a sala do Centro de Operações analisa dados das estações meteorológicas, emite alertas locais e coordena as respostas dos órgãos municipais às emergências.

Sistemas de alerta precoce

Os alertas para risco de desastre precisam ser redundantes e precisos, transmitidos por meios digitais e de radiodifusão

As defesas civis locais coordenam o envio de alertas por SMS. Para receber, basta enviar o CEP de interesse para 40199. Para os cariocas, o aplicativo Alerta Rio envia mensagens por notificação.

Neste momento, a Anatel testa o Defesa Civil Alerta, um sistema que vai enviar alertas para todos os aparelhos nas áreas em risco de desastre no Brasil, sem necessidade de instalação ou cadastramento. As mensagens sobrepõem qualquer atividade do usuário e exigem uma ação para serem fechadas.

Abrigos temporários

Esta é a primeira medida do esforço de recuperação de um desastre climático

Os abrigos temporários de emergência oferecem proteção e suporte para pessoas que foram desalojadas (que poderão voltar para a casa depois) ou desabrigadas (que perderam suas moradias de forma definitiva) e precisam oferecer serviços básicos como alimentação, água, saneamento e cuidados médicos.

Kit emergencial

É preciso estar preparado para evacuar as áreas de risco sob condições adversas

Se você mora em uma área de risco, é importante manter um kit de emergência caso tenha que sair de casa em um evento extremo.

Importante ter um kit de primeiros socorros, água, documentos, rádio portátil, medicamentos, máscaras, álcool em gel, sacos de lixo, alicate, celular com carregador e bateria reserva, fraldas, lenços umedecidos e fórmula para bebês e crianças e ainda alimento para animais de estimação.

Ilustrações: Luiz Iria

Reportagem:  Felipe Migliani e Miguel Vilela

Design: Sofia Beiras

Este infográfico faz parte do projeto Rio 60ºC – Como a cidade se prepara para eventos climáticos extremos? –, realizado com apoio do Pulitzer Center e do Instituto Serrapilheira em parceria com o grupo de pesquisa RioNowCast+Green (IC/UFF).

O projeto trará um índice que revela  as áreas mais vulneráveis a chuva extrema, além de reportagens produzidas em campo por jornalistas comunitários.

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