Por Ronaldo Ribeiro
No início deste mês, a Ambiental Media conquistou, com o projeto Aquazônia, o mais importante prêmio de jornalismo de dados do Brasil, o Cláudio Weber Abramo. Kevin Damasio, repórter do projeto, recebeu a honraria durante a 7ª Conferência de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (Coda.Br), em São Paulo. Em sua quarta edição, o prêmio teve 115 inscritos de todo o país, com trabalhos em diversos temas e formatos privilegiando o uso de dados para compor a narrativa jornalística.
Aquazônia foi desenvolvido pela equipe da Ambiental Media – o coordenador Thiago Medaglia, a editora de infografia Laura Kurtzberg (autora dos mapas premiados), a bióloga Cecília Gontijo Leal, o editor Ronaldo Ribeiro e os repórteres Letícia Klein e Kevin Damasio – com apoio do Instituto Serrapilheira.
Premiado na categoria Visualização, a reportagem foi inovadora ao colocar o elemento água como prioridade na aferição dos impactos de atividades humanas na conservação da Floresta Amazônica. No debate internacional, predomina há décadas um padrão de levantamento e análise de dados sobre a degradação da cobertura vegetal: as queimadas, o desmatamento, os garimpeiros, o boi, a soja. Os ecossistemas aquáticos também sofrem com todas as mazelas das atividades humanas predatórias – entre outros fatores, a perda da floresta afeta o ciclo hidrológico -, mas os danos são mais difíceis de serem identificados e entendidos, seja em monitoramento remoto ou em dados de pesquisas científicas.
O mérito de Aquazônia foi redirecionar a discussão para os recursos hídricos por meio da criação do Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA), um recurso claro e didático. “Mesmo que a maioria dos impactos aferidos no índice esteja acontecendo na terra, o nosso olhar voltou-se para a localização, a intensidade e a escala da pressão que exercem sobre os corpos hídricos, em cada microbacia”, explica Cecília Gontijo Leal, bióloga brasileira vinculada à Universidade de Lancaster, no Reino Unido, consultora científica do projeto e principal autora do índice.
Uma das principais conclusões do trabalho foi a de que ao menos 20% de todas as microbacias da Amazônia já sofrem alto impacto das atividades humanas ao seu redor, manchete que rodou o Brasil em reportagens de veículos como Folha de São Paulo, TV Globo, National Geographic Brasil e vários outros, sobretudo veículos locais em estados amazônicos, além de ter recebido cobertura internacional.
Segundo o júri, a visualização se destacou porque melhor incorporou a narrativa jornalística nos dados e imagens que contaram a história. “É elegante nas cores e navegação. Fez bom uso do recurso 3D para dar dramaticidade à narrativa e prender o leitor”. Os jurados também entenderam que “a metodologia aponta o uso de consultoria científica e aproveitamento dos mais modernos estudos sobre o tema, além dos dados públicos. Com isso, esse trabalho dá um passo além do que se vê até aqui nos melhores trabalhos de jornalismo de dados normalmente produzidos no Brasil”.
Aquazônia já havia sido considerada uma das três melhores visualizações de dados do mundo em 2022 no prêmio World Digital Media, da Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA). A reportagem, vencedora das categorias visualização de dados geral e redações médias ou pequenas na América Latina, concorreu com os vencedores de outras partes do mundo.
“São conquistas que premiam a maturidade da produção editorial da Ambiental”, diz o fundador Thiago Medaglia. “Aquazônia sintetiza um esforço acumulado ao longo dos últimos 6 anos na busca por excelência na comunicação dos temas socioambientais, tendo sempre a ciência como um dos pilares dos nossos conteúdos inovadores. É uma vitória de todos os profissionais que ajudaram a construir a Ambiental.”
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